segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Demissões & Demitidos

No início das aulas nosso caríssimo coordenador passou pelas salas para informar sobre as mudanças no quadro de professores. Segundo o discurso da coordenação, todos estavam indo dessa para uma outra melhor... Mas a verdade não é bem essa... Dos três professores, quem foi para uma melhor mesmo foi o professor Frederico que assumiu uma vaga numa universidade federal. No entanto, os outros dois professores (Fernando e Jorge) não tiveram a mesma felicidade. Ambos sofreram um processo que aqui vamos chamar de “sangria”, ou seja, foram atribuindo-lhes um menor número de aulas. Diferente do suplício público que podemos ler nas primeiras páginas de Vigiar e Punir de Foucault, esse processo foi realizado no privado do colegiado. Os professores tiveram suas aulas drasticamente reduzidas a ponto de quase serem convidados a se demitirem ou serem de fato demitidos. Este processo que podemos classificar de humilhante e ultrajante para dois especialistas em suas respectivas áreas reforçam o processo de precarização e pedagogização do curso de filosofia. Esta é a nova cara do curso: formação de medíocres professores de filosofia, mão-de-obra pouco qualificada para o mercado, já que, como sabemos, a Metodisney optou pelo mercado. O que o discurso oficial esconde é que a redução da grade curricular e o ensino modular reduz a necessidade de professores especialistas, reduz o quadro de professores, o que na prática prejudica nossa formação ampla e específica. Isso empobrece nossa formação, pois as aulas serão reduzidas a práticas didáticas do ensino de filosofia. Mais do que conhecermos a história da filosofia, conheceremos a história da lousa e do giz.

3 comentários:

  1. Caros colegas,

    concordo que a universidade está fazendo uma sangria no curso e creio que poderíamos estender os questionamentos aqui expostos ao papel dado as áreas de Humanas em diversos centros de estudos e mesmo no "mercado de trabalho".

    É certo que a Metodista optou por formar professores de filosofia, só precisamos tomar cuidado para que nosso discurso não caia numa hierarquização do conhecimento, ao afirmar que se tornar professor é "menor" do que se tornar um pesquisador.

    É possível ser professor de filosofia sem ser filósofo? Melhor, é possível ser um bom professor de filosofia sem ser filósofo? O que é um bom professor? O que é filosofia?

    Dos professores transferidos, o único que não lamento a saída é o Fernando, cujas aulas ficaram a dever muito de alguém tão especializado. O conteúdo era pobre e sem didática. Em suas aulas, toda filosofia da linguagem se reduziu à Wittgenstein, não se falou de Bakhtin, de Rorty, Saussure, e mesmo Aristóteles. É bom um especialista, mas quando o conhecimento ficar atomizado, saímos perdendo enquanto pesquisadores (e professores!).

    Espero contribuir com a discussão.

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  2. Não sei se vou falar uma bobagem agora, mas...
    ...quem sabe, sentando e conversando bem com a coordenação, possamos discutir para ser montado o "melhor" curso de formação de professores de filosofia. Com essa propaganda, acredito que, quem sabe, o curso presencial tenha mais procura e não acabe só em EAD. Talvez assim, o curso crie uma tradição, o que seria bom para os alunos, assim como para os professores e para a instituição tbm.

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